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domingo, 22 de fevereiro de 2009

Um amor de carnaval


Como só se fala de carnaval em terra brasilis, eu me lembrei de uma história emocionante que aconteceu comigo, e tudo começou numa noite de carnaval, em um lugar qualquer, uma mulher qualquer, uma história pra contar ...

Eu fazia trabalho voluntário como fisioterapeuta/doula, em um hospital aqui da minha cidade. Atendimento do SUS, um monte de gestantes em trabalho de parto e a gente se vira como pode, tenta amenizar o sofrimento daquelas mulheres, não estou falando das dores do trabalho de parto, mas das dores da vida, da solidão que um hospital público nos impõe e faz aflorar, naquele momento, dores escondidas há anos nessas mulheres.
Bem, num desses dias, as coisas estavam mais calmas e eu pude ficar horas conversando com uma das parturientes. Logo que cheguei olhei para ela e vi o pavor em seus olhinhos, um desespero contido num corpo que não passava de 15 anos.
Fui lá me apresentei e disse que ficaria ali ao lado dela, que ela poderia contar comigo, e ela não se fez de rogada, me agarrou pela mão e quando vinha a dor ela pedia pra eu massagear suas costas.
Entre uma contração e outra ela foi se soltando, foi falando dela, dos medos ( que independente da idade toda gestante tem).
Perguntei a ela porque estava ali sozinha já que, sendo menor de idade, ela poderia ter um acompanhante. Ela me disse que morava só com a mãe e mais seis irmãos, que o pai tinha “picado a mula” e a mãe precisava trabalhar pra sustentar todo mundo. Até aí (infelizmente) nada de anormal ...
Perguntei então pelo pai do bebê. Ela baixou os olhinhos, suspirou, me olhou de volta e disse : “Vixe tia (virei tia), não sei onde ele mora, conheci ele no carnaval, na praia, mas ele num é daqui não, ele num fala a nossa língua, é gringo, a única coisa que sei é que o nome dele é Jeff”
Achei melhor não perguntar mais pelo rapaz e engrenamos outros papos, mas essa história não saiu da minha cabeça. Imagine que um rapaz de algum lugar do mundo, vem passar férias aqui no Brasil, conhece uma garota e ficam juntos. Claro que o idioma não atrapalhou em nada, afinal a linguagem do amor é universal, não é mesmo?
E esse rapaz que um dia vai se tornar um homem e nem vai saber que tem um filho aqui no Brasil, e esse menino vai crescer saber que tem um pai, mas como procurá-lo? Apenas um nome ...Jeff ... Nada mais.
Alguns dias depois, eu fui visitá-la, eu tinha dado meu telefone e disse que se ela precisasse de alguma coisa poderia me ligar, e como ela tava com dificuldade para amamentar eu fui lá dar umas orientações.
Ao chegar, reparei que a casa era bem simples, aliás, era um barraco não uma casa. Ela logo que me viu já veio abrir o portão, com um sorriso no rosto, me cumprimentou e falou a famosa frase : “Entre, mas não repare”.
Não reparei mesmo, não deu nem tempo, a mãe dela veio em minha direção, uma senhora com uma cara de sofrida, um tanto obesa, mas com um sorriso no rosto, o bebê no colo, veio logo me agradecendo por ter ficado com a filha dela durante o parto, que eu era um anjo, essas coisas ...
Ela então me apresentou o bebê que estava no seu colo : ”Olha nosso galeguinho doutora!!! Num é a coisa mais linda do mundo? Amo demais esse branquelinho, depois que ele nasceu a vida da gente mudou, eu nem choro mais quando chego cansada do serviço e nem fico mais pensando nas dificuldades da minha vida, só quero ficar com ele no colo.
Fiquei ali parada, vendo aquela cena, naquela casa simples, onde poderia faltar de tudo, menos amor ...
É, as coisas não acontecem por acaso, tenho certeza.

Um comentário:

Viviane Alves disse...

Bela história minha irmã...
São coisas assim que me fazem perguntar, o que é a alegria ´ra esses jovens?
Basta dizer um "oi" que, ja se tornam intimos?
Com certeza, histórias como essa aconteceram nesse Carnaval e aconteceram em muitos outros.
Porém, a sua hist[ória ainda tem uma conclusão.
Deus se fez presente entre essa familia, através dessa cça, que mesmo sendo um ato do famoso "sem pensar", ainda trouxe alegria para essa familia tão sofrida.
Agora.Fico me perguntando...O que o jovem rapaz ganhou com isso?
Histórias de quantas "comeu" aui no Brasil, que alguns amigos mal vão acreditar, porque talvez tivessem um numero maior que o dele. Um prazer fisico que acabou naquele momento e nada mais...
Pra menina sobrou a grande responsabilidade da vida, mas, a alegria muito maior que aquele breve momento de prazer...
É... O que fazer com esses jovens...
Informações eles tem, mas ainda não tem noção da realidade dura da vida.