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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sonhos Tangíveis

"De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar..."
Fernando Sabino

É certo que já nascemos com o objetivo de morrer e o fazemos desde o primeiro choro que nos traz à vida.
É certo que vivemos em busca da longevidade lúcida.
Do corpo, muitos de nós judiamos, uma vez que parecem ter os prazeres do mundo o dom da judiação material..
É certo que nunca é chegada a hora de morrer, mesmo para os que estão ali, no partidor da grande raia, ansiosos pelo “se vieram!”.

Não sei participar de momentos de dor sem ser protagonista.
Não me serve o papel de coadjuvante, porque olho ao redor e vejo braços querendo abraços, cabeças pedindo ombro, ouvidos que ouvem palavras compungidas, iguais em conteúdo e forma, mas que se esvaem de pronto, pois a única voz de consolo possível se calou.
Resolveria alguém que, subitamente, dissesse: “que susto hein? Agora vamos acordar”.
E os olhos?
Os olhos que se intumescem de vermelho por não conter o aqüífero inesgotável bombeado pela alma com a irrespondível pergunta: por quê?

Quando morre um sonho, morre um pouco do que somos. Morre uma tira preciosa dos nossos sonhos pueris de eternidade. São eles, estes sonhos, que nos mantêm teimosamente jovens, quando toda estrutura física nos desmente.
Por eles encontramos motivos para juntar, vez por outra, nossas vidas dispersas, apenas porque sim.
As nossas escolhas e o tempo nos fizeram desiguais, pouco temos em comum.
Pouco ficou do que fomos na base da existência a não ser eles, os sonhos que sonhamos de calças curtas.

Não sei ser coadjuvante de momentos de dor profunda, porque não me ensinaram a postura da perda conformada.
Não nasci para chorar afetos que morrem. Não sei o que fazer, cubro-me de reticências e tartamudeio até no teclado.
Num dia como estes, chego a casa, olho minhas filhas, lembro dos mais próximos e rezo, e rezo, buscando a mais profunda fé que jamais tive, para que o calendário do Criador não me negue o privilégio de partir antes.

Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo.
É uma gota, é um tempo que não dá um segundo (Gonzaguinha).
Pois é.
Boa caminhada.
Por certo a estrada estará mais fácil do que outras tantas que trilhei.
Quanto a luz, eu mesmo levo.

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